terça-feira, 24 de março de 2009

Serenata(Cecília Meireles)

Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.

Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silêncio,
e a dor é de origem divina.

Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.


CREDO(Elisa Lucinda)

De tal modo é,
que eu jamais negá-lo poderia:
sou agarrada na saia da poesia!

Para dar um passeio que seja,
uma viagem de carro, avião ou trem,
à montanha, à praia, ao campo,
uma ida ao consultório
com qualquer possibilidade, ínfima que seja, de espera,
passo logo a mão nela pra sair.

É um Quintana, uma Adélia, uma Cecília, um Pessoa
ou qualquer outro a quem eu ame me unir.

Porque sou humano e creio no divino da palavra,
pra mim é oráculo a poesia!
É meu tarô, meu baralho, meu tricô,
meu I Ching, meu dicionário, meu cristal clarividente, meus búzios,
meu copo com água, meu conselho, meu colo de avô,
a explicação ambulante para tudo o que pulsa e arde.

A poesia é síntese filosófica, fonte de sabedoria e bíblia dos que,
como eu, crêem na eternidade do verbo,
na ressurreição da tardee na vida bela.
Amém!

(Essas duas poesias foram enviadas por uma grande amiga: Danielle Ponce de León)

Nenhum comentário: